As mais importantes viagens que fiz ocorreram bem antes da popularização (para não dizer da existência) da internet, dos blogs, dos celulares e das fotografias digitais. Enviar imagens e textos de um celular para um blog via internet?
HA HA HA
Sim meus jovens: máquina fotográfica era uma coisa; gps, outra. E o telefone ficava preso em casa ou num orelhão.
Filmadora mini-VHS, câmera 35mm, gravador mini-cassete, cadernos de campo com capa dura... tudo dentro de sacos plásticos bem vedados durante as viagens. Depois das viagens e das transcrições, tudo devidamente encaixotado, tudo muito bem protegido.
A materialidade do mundo pré-digital é, no entanto, desleal: vai se esvaindo com o tempo. Os blocos de notas se amarelam. Negativos empalidecem. Gravadores de som e de vídeo vão deixando de rodar, abandonando sons e imagens, roubando as memórias registradas em suas fitas.
O blog lugares que vi. vi surgiu da necessidade de digitalizar esses materiais e da vontade de retomar pelo menos três dentre as antigas experiências para, de algum modo, dar a elas novos sentidos através dos posts.
- Uma viagem por 19 parques nacionais brasileiros, entre abril e agosto de 1992.
- Dois trabalhos de campo realizados nos Lençóis Maranhenses, em 1996-1997.
- Vários trabalhos de campo realizados entre 2000 e 2002 nas seis primeiras Reservas Extrativistas brasileiras, no Acre, em Rondônia, no Amapá e no Maranhão.
Depois!
Meus filhos estão aqui no escritório. Coincidentemente (?) abriram as caixas onde guardam seus desenhos antigos. No caso deles, o passado se mede com uma mão mas o prazer de abrir os pacotes parece ser igualmente intenso.
Pois é...
Como acaba de dizer o João:
- eu declaro esse dia, nostaldia.
Campinas-SP, janeiro de 2017
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